Petrodólares no Prato: Como o Príncipe da Arábia Saudita Avança sobre o Agro do Brasil
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Marfrig e BRF divulgaram nesta semana o cronograma de integração de suas ações na B3, com ações negociadas a partir de 23 de setembro. De olho neste processo, os petrodólares da Arábia Saudita desembarcam nesta nova mina de ouro verde. Com investimentos que ultrapassam US$ 3,5 bilhões, o reino comandado pelo rei Salman bin Abdulaziz Al Saud e seu poderoso filho, o príncipe herdeiro e primeiro-ministro Mohammed bin Salman, está silenciosamente construindo um império alimentar que se estende do Cerrado às mesas do Oriente Médio. Eles fazem parte das ações deste negócio e de outros mais.
O veículo dessa estratégia é o SALIC (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company), o braço agrícola do fundo soberano saudita que transformou petrodólares sob a gestão do príncipe em participações estratégicas nas maiores empresas de proteína animal do Brasil. Com 34% da Minerva Foods e a possibilidade de reaver 11% da BRF após a entrada em Bolsa, os sauditas são parceiros de negócios em um setor que movimenta bilhões e alimenta o mundo. Vale registrar que o fundo se desfez das ações da BRF em 2 de setembro, ficando apenas com derivativos no mesmo valor e que podem ser negociados no mercado secundário. No mesmo documento fica claro que não há preferências de compra ou venda de novas ações.
Os números impressionam mesmo para os padrões dos gigantes do agronegócio. A Minerva Foods, segunda maior exportadora de carne bovina do mundo, tem nos sauditas seu segundo maior acionista. Na BRF, terceira maior empresa de alimentos do mundo, o SALIC detinha uma fatia de R$ 4,5 bilhões em investimentos diretos, consolidando-se como o segundo maior acionista da companhia, lugar que pode ser reconquistado na nova empresa.
“É uma jogada de mestre”, analisa um executivo do setor que preferiu não se identificar. “Eles transformaram a dependência do petróleo em diversificação estratégica, garantindo segurança alimentar para sua população enquanto lucram com a crescente demanda global por proteínas.”
A estratégia saudita vai além dos números. Com uma população de 35 milhões de habitantes e terras áridas que limitam a produção agrícola doméstica, o reino precisa importar 80% de seus alimentos. O Brasil, maior exportador de carne bovina e de frango do mundo, tornou-se não apenas um fornecedor, mas um parceiro estratégico.
O Príncipe e o Pasto
Por trás dessa expansão está Mohammed bin Salman, 38 anos, o homem forte da Arábia Saudita. Segundo reportagem da Forbes Midle West, de abril deste ano, o país “alcançou 85% das iniciativas delineadas em sua Visão 2030, cinco anos antes do prazo do plano, com os ativos do Fundo de Investimento Público (PIF) triplicando desde o lançamento da visão, atingindo US$ 941 bilhões”. O relatório anual que marca o nono aniversário do lançamento da Visão 2030 pelo por Mohammed bin Salman, afirma que “o reino destacou os principais marcos alcançados até agora para diversificar sua economia e reduzir a dependência das receitas do petróleo”.
O agronegócio brasileiro tornou-se uma peça fundamental nesse quebra-cabeças. “O MBS viu no Brasil uma oportunidade única”, explica um consultor em investimentos do Oriente Médio. “País estável, setor consolidado, demanda crescente e retornos consistentes. É o tipo de investimento que um fundo soberano sonha.”
A entrada dos sauditas no setor não foi discreta. Em 2015, o SALIC fez sua primeira grande jogada, adquirindo 20% da Minerva Foods por cerca de R$ 1,2 bilhão. O movimento sinalizou o apetite saudita pelo setor e abriu caminho para expansões futuras.
Mas essa parceria vai muito além da simples participação acionária. A Minerva Foods exporta cerca de 40% de sua produção para países árabes, com a Arábia Saudita entre os principais destinos. É um exemplo perfeito de integração vertical: os sauditas investem na produção e consomem o produto final, garantindo qualidade, fornecimento estável e margens atrativas.
Na BRF, a história se repetiu. Com foco em aves e suínos, a empresa encontrou nos mercados do Oriente Médio um destino natural para seus produtos halal, adequados às exigências religiosas islâmicas. Os investimentos sauditas fortaleceram a capacidade produtiva da companhia e abriram portas em mercados estratégicos.
Os analistas do setor são unânimes: os investimentos sauditas vieram para ficar. Com a população mundial crescendo e a demanda por proteínas se expandindo, especialmente na Ásia e no Oriente Médio, o agronegócio brasileiro representa uma aposta certeira.
Para o consultor Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, o Oriente Médio ocupa um papel central no tabuleiro do comércio internacional de alimentos. Ele coloca a região no mesmo patamar da China quando analisa os destinos estratégicos das exportações brasileiras. “O maior mercado é a Ásia, representado pela China, mas todo o entorno ali do Oriente Médio é o grande mercado do agronegócio brasileiro”, disse ele durante o 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio (ABAG), no dia 11 de agosto, em São Paulo.
O movimento também mostra uma tendência global: fundos soberanos estão diversificando seus portfólios, saindo dos tradicionais investimentos em energia e tecnologia para setores menos voláteis e com demanda crescente. O agronegócio brasileiro oferece exatamente isso: estabilidade, crescimento e retornos consistentes.
Com o príncipe Mohammed bin Salman consolidando seu poder na sucessão real e o Brasil mantendo sua posição como potência agrícola global, a parceria promete se aprofundar. Novos investimentos estão na mesa, incluindo expansão para outros setores do agronegócio, como grãos e açúcar. Em fevereiro, o fundo desembolsou US$ 1,78 bilhão para ampliar em até 80% a participação na trading Olam Agri, empresa originária da Nigéria e que hoje tem sede em Singapura.
No Brasil, a Olam Agri atua na originação de algodão a partir de Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul, e exportação de commodities com estruturas de recebimento em polos importantes do Cerrado, como Sorriso, Primavera do Leste e Goiânia.
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